No início do século XVI, os
portugueses trouxeram, do Oriente, especiarias e outros produtos exóticos que
maravilharam naturalistas e monarcas renascentistas, interessados em
preciosidades oriundas de reinos longínquos.
As sementes do coqueiro-do-mar foram
muito desejadas, devido à forma das sementes, à sua origem enigmática e às suas
alegadas virtudes medicinais. Eram recolhidas nas praias das Ilhas Maldivas e
da Índia e, por vezes, também se encontravam nas águas do Índico, longe de
qualquer terra conhecida - esta é a origem do seu nome comum (coco-do-mar).
A primeira referência ao
coco-do-mar encontra-se no relato da viagem de Fernão de Magalhães
(c.1480-1521), da autoria de António Pigafera (c.1491-1534) e publicado em
1526. Garcia de Orta (c.1501-1568) refer o coco-do-mar nos Colóquios dos Simples (1563)
e Camões (c.1524-1580) nos Lusíadas (1572).
Em 1768, uma expedição comandada
pelo francês Nicolas Marion Dufresne (1724-1772) desembarcou nas Ilhas Seychelles,
para obter madeira, e penetrou na densa floresta, onde descobriu, no solo,
centenas de cocos-do-mar.
A espécie que produz o
coco-do-mar (Lodoicea
maldivica) é uma das seis palmeiras endémicas das Seychelles. As sementes,
em geral, com comprimento superior a 50 cm e peso de 20 kg, não flutuam, o que
as impediu se dispersaram para outras regiões. O coqueiro atinge os 30 metros
de altura e pertence a uma espécie dióica - espécimes com flores femininas
(pistiladas) e outros com flores masculinas (estaminadas). A inflorescência
masculina, com o tamanho e a espessura de um braço humano, tem pequenas flores
em forma de estrela e exala uma fragrância melífera. As flores femininas
agrupam-se em inflorescências com cinco a treze flores e cada uma contêm três
óvulos. Em geral, apenas se desenvolve um óvulo (semente) por flor, embora,
ocasionalmente se possam encontrar frutos com duas ou três sementes. Os
coqueiros-do-mar florescem, pela primeira vez, após cerca de 25 anos de
desenvolvimento vegetativo e a maturação da semente prolonga-se por sete anos.
Estima-se que a palmeira mais
antiga tenha 800 anos, a qual vive conjuntamente com cerca de 4000
coqueiros-do-mar no Vallée de Mai (Ilha
de Praslin) - reserva inscrita, desde 1983, na lista de Património da
Humanidade (UNESCO).
Figura 1. Pé feminino do cocoqueiro da espécie Lodoicea maldivica. |
Figura 2. Pé mascúlino do cocoqueiro da espécie Lodoicea maldivica. |
Figura 3. Pé feminino do cocoqueiro da espécie Lodoicea maldivica. |
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Figura 4. Sementes e frutos do cocoqueiro da espécie Lodoicea maldivica. |
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Figura 5. Duas sementes do cocoqueiro da espécie Lodoicea maldivica. |
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Figura 6. Semente do cocoqueiro da espécie Lodoicea maldivica. |
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Figura 7. Semente do cocoqueiro da espécie Lodoicea maldivica. |
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Figura 8. Semente , parcialmente polida, do cocoqueiro da espécie Lodoicea maldivica. |
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Figura 9. Metade de uma semente,do cocoqueiro da espécie Lodoicea maldivica, esculpida e utilizada como recipiente. |
Décadas da Ásia de João de Barros (c.1496-1570)
“(...) em
algumas partes debaixo da agua salgada nasce outro genero dellas [árvores],
as quaes dam hum pomo maior que o coco; e tem experiencia que a segunda casca
delle he muito mais efficaz contra a peçonha, que a pedra Bezoar, que vem
daquellas partes Orientaes, que se cria no bucho de huma alimaria [animal],
a que os Parseos chamam Pazon (…)”
BARROS, J., 1777, Da Ásia, Régia Officina Typografica,
Lisboa (Década III, Livro III, Capítulo VIII).
Garcia d’Orta não dá muito crédito às alegadas propriedades
curativas desta semente: “(...) Não,
nem ouvi falar lá delle; por onde lhe não dou tanto credito; e, porque não se
offreceo caso onde curasse com elle alguma pessoa, somente ouvi dizer a muytas
pessoas, dinas de fé, ser muyto bom pera a peçonha (...) E seyvos dizer que muytos homens bebem por
estes coquos, e dizem que se achão muyto bem; mas não sey se o faz a
emaginaçam: e por esta razam não quis afirmar ser bom nem máo, nem vos direy
cousa alguma ser boa, senão sendo testemunha de vista ou [sabendo-o por] pesoas
dinas de fé.
ORTA, G., 1987, Colóquios
dos Simples e Drogas da Índia, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa
(edição fac-simile dirigida e anotada pelo Conde de Ficalho, Academia Real das
Ciências de Lisboa/Imprensa Nacional, Lisboa, 1891-1895).
(Colóquio Décimo Sexto - Do Coquo. Pág.:
240-241)”.
Lusíadas (1572) Luís Vaz de Camões
Nas ilhas de Maldiva nace a pranta,
No profundo das agoas soberana,
Cujo pomo contra o veneno urgente
He tido por Antidoto excelente.
CAMÕES, L., 1572 (pág. 193), Os Lusíadas, [Em Casa de]
Antonio Gõçaluez, Lisboa
ResponderEliminarA forma da maior semente do reino vegetal causou em nós grande admiração. Parece parte de um corpo humano o que nos levou a múltiplas exclamações, com grande pendor para o embaraço. Contudo, é uma semente extraordinária, tão grande e pesada! Por outro lado, atendendo ao papel dos navegadores portugueses na descoberta e disseminação do Coco – do – mar fez-nos recordar como os nossos antepassados contribuíram de modo tão decisivo para o mundo que hoje temos.
Turma S55 do 10.º ano do Curso de Técnico de Saúde.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminartema muito interessante sobre os cocos.
EliminarDaniel Alexandre da turma S57 do 10.º ano do curso de Animação Turística.
eu acho que estes sementes do reino vegetal sao grande admiração parte do corpo o que nos levou múltiplas .
ResponderEliminar10 ano s57 curso técnico animação de turística .
Gostei muito desta semente. E de saber que também Camões escreveu sobre a mesma.
ResponderEliminarAluna 10.º ano do Curso Assistente Administrativo
Adorei imenso esta árvore
ResponderEliminar10 ano Assente Administrativo
A espécie é muito especial e a preservação da mesma deve ser empenhada e responsável.
ResponderEliminarAlexandre, 12.º ano
A semente coco-do-mar parece mesmo como uma parte do nosso corpo é espetacular como a natureza pode fazer coisas como estas, esta espécie de coco é especial porque é rara e esta em vias de extinção.
ResponderEliminarAluna do curso auxiliar de saúde.
Trata-se de uma semente muito interessante. Gostei muito de saber da sua existência e das descrições da semente nos Lusíadas.
ResponderEliminarAluna do 10.º ano do Curso Técnico Auxiliar de Saúde
Não imaginava que existia uma semente tão extraordinária.
ResponderEliminarAluna do 10.º ano do Curso Técnico Auxiliar de Saúde.